quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

SÃO FIEL, MÁRTIR! ( I )

A crónica de hoje é dedicada ao espaço onde está implantado o monumento de Nossa Senhora.
Sempre que por ali passo, sinto uns certos engulhos ao encarar com aquelas obras de requalificação efectuadas em 2005 e, inauguradas por Sua Excelência o Senhor Presidente da Câmara de Castelo Branco. Assim reza a placa comemorativa.
Como a tarde de hoje estava solarenga e por isso convidativa para um passeio, dispus-me depois do almoço ir ver atentamente o que por lá se passava.
Sentei-me num dos degraus das escadas do monumento, inspirei a plenos pulmões uma boa dose de boa vontade pretendendo a todo o custo afastar por completo aquela má impressão que me assola desde a primeira vez que encarei com aquele - estava quase para dizer mamarracho - mas prefiro, aquele novo visual.
Mesmo em frente, foram erguidas quatro paredes de tijolo rebocadas toscamente e interroguei-me: Que significado terá isto? Conjecturei várias hipóteses mas, nenhuma delas me satisfez. Para ser verdadeiro, até hipóteses menos sacras me acudiram à mente.
Levantei-me do meu poiso e dirigi-me para uma cruz enorme que faria inveja à do Monte Gólgota não só pela sua enormidade  como também pela matéria com que foi construída.
Observei-a de todos os ângulos, mirei-a bem mirada e terminei por não saber se ela se abatia ou se soerguia. O mais certo será a primeira, já que tem de cada lado duas empas  também elas de betão.
Também neste caso o meu entendimento empancou e fiquei como dantes, sem saber o seu significado.
Ignorante? Talvez! Mas, para que conste, não o sou sozinho. Há um povo que o é igualmente. Os promotores daquela obra tirem-se dos seus cuidados e, façam como eu fiz. Indaguem junto do povo de Louriçal do Campo já que a obra suponho tivesse sido feita para ele,  se sabem o que significa tudo aquilo. Arriscam-se  - e eu sei do que falo - a receberem respostas menos ortodoxas não só sobre essa requalificação como sobre o modo como essa dinheirama ali foi gasta.
Particularmente, nada interessado estou, em saber de quem partiu aquela ideia, nem o nome do arquitecto - se porventura houve - e sequer se foram pedidos orçamentos a várias empresas para a execução da obra.
De uma coisa todos estamos de acordo, o dinheiro de algum lado saiu e que podia ser empregue no mesmo local numa obra com outra beleza e principalmente que fosse entendida por toda a gente.
Um certo dia, pedi a uma pessoa responsável que me elucidasse, olhou para mim e, depois de uma breve pausa respondeu: Não gosta de Arte Moderna? Sorri com vontade de largar uma sonora gargalhada e disse: Sim, gosto de toda a arte desde que a perceba, desde que as olhe e me traduzam precisamente o que estou a ver. Mas, arte moderna  para este meio rural?  
Bem, continuei na minha deambulação e não pensem que os reparos terminaram. As obras de requalificação incluíram também a construção de umas caixas rectangulares de tijolos e cimento que depois de baptizadas ficaram a chamar-se cascatas. Se cascata eu fosse corava de vergonha. Todavia, nenhum mal teria este nome pomposo se de facto a água corresse ininterruptamente, o que não acontece já que a única água que as visita é aquela que provém das chuvas o que quer dizer nem gota no estio. Houvesse boa vontade e sentido de iniciativa por parte daqueles que por obrigação deviam zelar pelos bens que ao povo pertencem e não lhes seria difícil canalizar a água e pô-la a correr o ano inteiro gastando somente na ligação já que água felizmente não falta.
Termino com a última observação e que tem a ver com os ciprestes ali plantados. Sendo aquele local um descampado onde o sol bate inclemente, não sei se foi a melhor escolha. Na minha maneira de ver, outras árvores estariam mais adequadas, como a tília devido à sua ramagem frondosa  mas enfim, há pessoas com visão afunilada tal os ciprestes.
Mas, já que foram plantados, então é justo que sejam tratados como merecem e não deixá-los ao abandono. Vi três destas árvores que jazem mortas e apodrecem.
Regressei a casa revoltado por ver tanta coisa que na minha terra podia ser linda e que pela incúria, pelo deixa andar, a deixam paulatinamente esmorecer.

Saudações Amigas,
Conde da gardunha



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