quinta-feira, 26 de maio de 2011

O COLÉGIO DE SÃO FIEL E O SEU FUNDADOR



Arrimado ao sopé da encosta Sul da serra da Gardunha e a umas centenas de metros da freguesia de Louriçal do Campo, espraia-se um lugar chamado oficialmente Casal da Pelota, embora hoje mais conhecido por São Fiel.
Neste lugar bucólico de meia altitude onde abundam os bons ares e, os bons cheiros das árvores aquando da florescência; da alfazema, do rosmaninho e do alecrim; do doce aroma do feno e do acre da esteva e da giesta; do mosto da uva e do bagaço da azeitona; do odor forte que a terra desprende quando recebe as primeiras chuvas ou o da lenha quando arde nas pedras dos lares em noites de invernia; onde as aves, rainhas dos ares, nos brindam com os seus variados trinos; onde o sol no seu zénite nos abrasa por vezes e o céu se apresenta com um azul imaculado como se fora o primeiro dia da sua criação e nos deixa absortos, é nesta harmonia, que se ergue com imponência,, um edifício com uma igrejinha à sua ilharga e, que foi em tempos idos o célebre Colégio de São Fiel .

  Esta vetusta casa, foi erigida por um homem nascido em Louriçal do Campo a 4 de Fevereiro de 1808 e que pelo baptismo recebeu o nome de José Bento Ribeiro.
Vale a pena explanar um pouco sobre a sua vida. Depois dos estudos preliminares, ingressou na Universidade de Coimbra e, em 1830 quando cursava o terceiro ano de Direito, dois padres do convento de Varatojo, – Torres Vedras – iniciaram naquela cidade uma missão que se prolongou até Domingo de Ramos. Dos muitos estudantes que acorriam para ouvirem as prédicas dos religiosos, estavam José Bento Ribeiro e um amigo íntimo este já no último ano da Faculdade.
Depois de muito conversarem, ambos resolveram abraçar a vida religiosa. Entraram para o convento de Varatojo e José Ribeiro já na clausura recebeu o nome de Frei Agostinho da Anunciação. Tomou o hábito nesse mesmo ano professando no ano seguinte.
Em 1833 - já ordenado presbítero - as perseguições eram inclementes o que consequentemente levou ao encerramento dos conventos.
Frei Agostinho refugiou-se na sua terra natal em casa dos pais. Mas, como também até aqui a perseguição tivesse chegado, resolveu ir com a sua mãe e irmãos para Lisboa só regressando quando a situação acalmou.
Chegado à sua terra, dedicou-se incondicionalmente à nobre missão de educador instruindo crianças nas letras e catequese. Pouco tempo decorrido, projectou construir o colégio dos meninos órfãos para, assim poder exercer esse mister com maior proficiência.

Começou por conseguir da Igreja dos Camilos um corpo feito de ossadas de mártires encontrados segundo se crê nas catacumbas de Roma e revestido com cera. Trazia já o nome de mártir São Fiel e foi levado para a igreja de Louriçal do Campo onde ainda hoje é venerado.


Sob esta invocação deu inicio à obra do seu tão almejado asilo a um quilómetro da freguesia, lugar que como já referi, passou a ser conhecido por São Fiel que à altura era um ermo.
Em 1858 quando a casa estava quase concluída tendo já recolhido alguns alunos órfãos ou crianças totalmente desamparadas, um enorme incêndio devorou-a e, os alunos  recolhidos no orfanato de Campolide. Contudo, Frei Agostinho não esmoreceu o seu entusiasmo porque de imediato, tratou da sua reconstrução e com tal vigor que já em 1860 se encontrava a casa de novo povoada. Neste mesmo ano, começaram ali a prestar óptimos serviços cinco irmãs da caridade, duas portuguesas e três francesas. Sabe-se que em 1862 habitavam o asilo 45 órfãos e alguns pensionistas.
Nesse tempo, o reino encontrava-se em completa desordem e, o rei D. Luís, não conseguia pôr a roda no eixo. As perseguições às ordens religiosas recrudesciam e as irmãs da caridade, em 1860, foram expulsas de São Fiel sob os mais fúteis pretextos. Retiraram-se para Lisboa juntando-se a outras da mesma congregação que prestavam serviços noutros lugares do país e, mais tarde, embarcadas para França onde foram recebidas de bom grado e apreciados os seus bons serviços. O que uns desperdiçam outros aproveitam.
Com a expulsão das Irmãs juntamente com outras dificuldades na sustentação, deslocou-se Frei Agostinho a Lisboa onde ia com alguma frequência a fim de tratar assuntos inerentes ao funcionamento da sua casa encontrando muito doente o confessor da Infanta D. Isabel Maria que o assistiu até à morte.
A Infanta escolheu-o para seu confessor o que não só lhe permitia ir a São Fiel as vezes necessárias, como lhe oferecia valiosos auxílios para o sucesso da sua empresa.
Entretanto Frei Agostinho, já há muito tempo pensava em entregar aquela instituição aos padres jesuítas mas, sempre encontrou entraves, até que numa das viagens que fez a Roma juntamente com a Infanta D. Isabel , conseguiu do Papa Pio IX de quem Frei Agostinho beneficiava de uma certa familiaridade, o consentimento para tal. Apesar de muitas reservas e alguma celeuma, tomaram os jesuítas a direcção do orfanato em 1863.
Quanto ao seu fundador, sabe-se que a Infanta a pedido dele e do Papa, dispensou-o para poder recolher-se no convento de Varatojo, onde foi eleito Guardião, depois Presidente e Mestre de noviços. Como sempre tinha sido um empreendedor e um apaixonado pela instrução, abriu no próprio convento uma escola para rapazes e no lugar de Varatojo uma escola para raparigas que para a qual teve um subsídio da infanta D. Isabel Maria.
Frei Agostinho da Anunciação que se dedicou totalmente ao seu semelhante expirou aos 65 anos de idade a 14 de Março de 1874    
Já sob a custódia da nova direcção, foram admitidos em maior número, alunos pensionistas e também alunos em regime de gratuitidade. Todavia, como verificaram a necessidade de alojar os familiares dos educandos quando os visitavam, construíram para o efeito um grande edifício defronte do Colégio que ainda hoje é conhecido pelo hotel, onde trabalhavam permanentemente cinco funcionários só para atenderem as necessidades dos hóspedes.
O número médio anual de alunos andava entre os 200 e os 3oo. Calcula-se que até ao ano de 1903 tenham passado por este estabelecimento 2.100 indivíduos. Em 1910 aquando da extinção, o colégio tinha 400 alunos.
Quanto ao ensino, era de primeira água e a disciplina rígida, sendo a par com o Colégio de Campolide os melhores do país.
 A educação ministrada pelos Jesuítas assentava nos princípios da democracia pura; nenhuma distinção no tratamento entre ricos e os mais necessitados, somente os méritos eram graduados e os alunos eram preparados para todas as durezas da vida. Glorificavam o trabalho, fazendo-se crer nos altos benefícios para cada um e para a comunidade social.
Desde todos os tempos, os colégios sob a égide destes religiosos primavam por uma educação esmerada e por isso eram cuidadosos na escolha dos seus pedagogos tanto assim que no colégio de São Fiel sempre brilharam altos espíritos.
Importa dizer que nas férias e, muitas das vezes, ainda durante o ano lectivo, os Jesuítas recebiam o clero para retiro espiritual; ensinavam a catequese às crianças do campo e ajudavam piedosamente toda a gente de algumas léguas em redor. Contava o meu avô que traziam grandes panelas com sopa para um largo onde a distribuíam juntamente com o  pão aos mais precisados.
Dos mais preclaros professores que aqui serviram podemos citar os seguintes: - Pe. Cândido de Azevedo, biólogo distinto. Pe. Joaquim Costa, homem que percorrera as cinco partidas do mundo e que segundo consta encantava ouvi-lo ensinando geografia. Segundo os escritos, era um homem concentrado e que silenciosamente caminhava sempre solitário pelos compridos corredores do edifício. Os irmãos padres Pereira Dias, um, professor de matemática e o outro de matemática e francês. O padre Joaquim Lima que morreu arcebispo de Bombaim e que foi um insigne orador fluente que prendia a atenção de quem o ouvia e que leccionava matemática. Também os padres Castelo, Nazaré, Moreira, Martins, Zimmermann, Silvano, Rebimbas, amigo íntimo de Egas Moniz, grande neurologista e prémio Nobel  e tantos outros que constituíam o corpo de professores de elite. O staff era composto por 22 elementos.
No campo da investigação científica também este colégio se notabilizou extraordinariamente. Aqui nasceu em 1902 a célebre revista científica “Brotéria” fundada pelos padres Joaquim da Silva Tavares, ilustre naturalista, Cândido Mendes de Azevedo, biólogo distinto e Carlos Zimmermann
A redacção e a administração da revista situavam-se no mesmo colégio. Falta dizer só para informação que esta revista ainda perdura.
Tinha este colégio também um museu que primava pelas colecções da flora autóctone, de lepidóptros (borboletas) e zoocecídeas não só de Portugal como de África, bem como as colecções científicas da Brotéria. Tudo desapareceu aquando da implantação da República em 1910.
Aqui há uns bons anos atrás, provoquei um diálogo com um simpático e bem-falante ancião natural da Soalheira que servira no Colégio. Indagado sobre como era a vida dentro daquele estabelecimento de ensino, avivaram-se-lhe os olhos, quiçá de saudade de um tempo já distante. Ajeitando-se melhor na laje em que nos sentámos começou: - Sabe, os alunos eram muitos, o colégio estava cheio e havia muitos padres, para ter uma ideia, as missas eram celebradas na igrejinha que está ao lado e começavam às 5 horas da manhã e sempre com duas e três celebrações ao mesmo tempo que era para todos os padres terem tempo de celebrarem a sua missa diária antes de começarem as aulas e, o que era mais de admirar é que em todas havia fiéis a assistirem.
O colégio, – continuou o meu amigo – vivia das mensalidades dos alunos, de alguns donativos e do que a terra produzia. Como o senhor deve saber as terras eram muitas e boas e tudo era cultivado. Possuíam também muitos animais que contribuíam para o sustento de todos.
E os alunos? – Perguntei! - Os alunos eram muito bem tratados até tinham direito a um copo de vinho aos almoços de Domingo. Sabe, estudaram aqui muitas pessoas que foram muito importantes como um senhor doutor Egas Moniz pessoa muito afamada. Sei sim – respondi! – E também sei que um outro não menos conhecido aqui estudou que se chamava Augusto Gil grande poeta, o poeta da Balada da Neve e de outras lindíssimas poesias. Mas, muitos outros ali foram educados e instruídos que bons serviços prestaram depois ao país.
Depois, - continuou - com uma certa mágoa na voz: Veio a República e tudo acabou; sabe, quando não há religião já a coisa vai mal.
Com este desabafo, terminámos a nossa  agradável conversa naquele já distante fim de tarde do mês de Agosto. Agradeci o tempo que me dispensou  ficando grato pelas elucidações e, principalmente pela conversa em si. O meu dialogante, estou convicto que também, porque o transportei para um passado que lhe era grato e do qual tinha muitas e boas recordações.
A história desta casa não termina aqui. Aquando da implantação da República, o Estado tudo usurpou: Edifício, terras envolventes, bem como todos os bens que não lhes pertenciam. Todavia, estas são contas de outro rosário e que possivelmente servirão para outro estudo.

SAUDAÇÕES AMIGAS
Conde da Gardunha

      PS. AQUI FICA UMA ACHEGA DE UM LEITOR DO MEU BLOG QUE COM A SUA INFORMAÇÃO VEIO ENRIQUECER ESTE ESTUDO.


Com os meus melhores cumprimentos, sou a informar que fiquei muito satisfeito ao ler o seu blog versando sobre a terra onde também nasci a 04 de Agosto de 1945. Com total isenção de critica ou correcção ao exposto, quero propor algo que julgo ser justo e merecedor de menção no “ Colégio de S. Fiel e seu fundador”.. Refiro-me ao Sr. Manuel António Ribeiro Gaspar que, ao tomar conhecimento por terceiros, que seu irmão Fr. Agostinho, planeava fundar um colégio para meninos em Alpedrinha e que, para tal, já havia contactado o Sr. A.M. Corrêa da Silva Sampaio propondo comprar-lhe o edifício que já havia sido residência dos Jesuítas e que Fr. Agostinho conhecia bem pois fora lá que estudara gramática latina. Na posse desta informação, o Sr. Manuel António Ribeiro Gaspar prontamente entrou em contacto com seu irmão a quem ofereceu gratuitamente não apenas o terreno para construção do Colégio mas também uma outra propriedade. As suas desculpas por este meu atrevimento. Votos de um Bom Ano.           

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AGRADECIMENTO

Numa das minhas crónicas teci algumas considerações sobre as obras de requalificação feitas no Monumento. A certa altura do artigo, referia-me aos ciprestes que se encontravam derrubados causando muito mau aspecto.
Pois bem, hoje fiquei muito agradado ao constatar que as árvores tinham sido já removidas libertando assim o espaço de uma péssima imagem de abandono.

Dos ciprestes que jaziam por terra ainda foi salvo um que o recolocaram na sua cova primitiva. Porém, um cipreste terá que crescer erecto e bem aprumado para que se orgulhe da sua raça. Ora quem  replantou esta árvore da família das pináceas não teve esse cuidado e deixou-a de cerviz curvada desafiando a lei da gravidade, conforme a fotografia testemunha.
Antes que volte a cair e, para isso basta um golpe de vento mais forte, não seria descabido se mandassem alguém a aprumá-la como deve ser aprumado um cipreste digno desse nome e, enterrar uma estaca que o ampare no seu crescimento. Pode ser que assim se salve e não tenha a mesma sorte das seus irmãos que tiveram uma vida breve.
Aos senhores que os meus conterrâneos lhes conferiram  poder, aqui fica mais esta minudência tão fácil de resolver. Eu, o povo e o cipreste todos agradeceremos.

Saudações Amigas
Conde da Gardunha

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SÃO FIEL, MÁRTIR! ( II )

Convido a Exmª. Srª. Presidente da Junta de Freguesia de Louriçal do Campo e os Exmºs. representantes da oposição com assento na Assembleia de Freguesia, a tirarem-se das suas comodidades e, à laia de passeio virem uma vez por outra a São Fiel. 
Não digo agora, porque o tempo está desagradável e, só para constatarem algumas anomalias de pouca monta não merece o eventual sacrifício de V.Srªs.   Porém, como eu não receio a intempérie e nem temo a Serra denuncio nesta crónica mais uns desleixos que observei, evitando assim, trabalho àqueles que por obrigação competia.
Ora bem, puxem um mocho sentem-se e anotem: Junto ao chamado tanque grande há uma armadilha que ainda não causou danos físicos por mera sorte. Como a fotografia ilustra, a tampa foi retirada desse buraco não havendo no entanto o cuidado de a repor no seu devido lugar. Oxalá que não haja um acidente, para depois virem solícitos pretendendo colmatar o mal causado.
Sobranceiro ao referido tanque fizeram com umas mesas e uns bancos, uma espécie de mini parque de merendas que como tantas outras coisas está votado ao completo abandono. Gasta-se dinheiro num bem, para depois o desprezarem. É má politica meus senhores. Que não se construa, ainda vá, podemos dar a desculpa de estarmos em tempo de vacas magras, mas pelo menos que se conserve o já existente.
E o que dizer daquela ruina feita lixeira mesmo encostada a este arremedo de parque? Porque raio não acabam por deitar abaixo aquelas paredes, remover o entulho e alisar o châo? O impacto ambiental seria outro, seria mais aprazível não só para os que no Verão nos procuram e usufruem daquele lugar mas, principalmente para as pessoas que aqui vivem e que também elas gostam de ver e gozar a natureza. Com certeza que não gostam que a sua terra cause má impressão às pessoas que ali se deslocam fora da época estival.
Subindo as escadas que nos leva ao campo de futebol, deparamo-nos com mais uma árvore que, porventura pela força do vento, as suas raizes desprenderam-se da terra e também ela companheira na infelicidade dos já mencionados ciprestes,(1) jaz morta e apodrece. Adivinho que por ali ficará até ao próximo Verão aquando da abertura da época da  piscina e, só por uma questão óbvia.
Na parte posterior do ginásio, mais uma situação que nos deixa envergonhados. Naqueles muitos janelos não há vidro que não tivesse servido para afinar a pontaria de corrécios que por aí vagabundeam. Já que é tão dificil apanhar em flagrante esses filhos "sem família" já não o é tanto, fazer protecções a fim de desmotivarem a fúria do mau proceder.
Faço votos para que todos os reparos que tenho denunciado, cheguem ao conhecimento daqueles que de livre vontade tomaram o cargo de velar e zelar pelos bens da terra que o mesmo é dizer zelar pelo bem estar destas gentes.

(1) Ver crónica (São Fiel, Mártir ( I )


Saudações Amigas


Conde da gardunha

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

SÃO FIEL, MÁRTIR! ( I )

A crónica de hoje é dedicada ao espaço onde está implantado o monumento de Nossa Senhora.
Sempre que por ali passo, sinto uns certos engulhos ao encarar com aquelas obras de requalificação efectuadas em 2005 e, inauguradas por Sua Excelência o Senhor Presidente da Câmara de Castelo Branco. Assim reza a placa comemorativa.
Como a tarde de hoje estava solarenga e por isso convidativa para um passeio, dispus-me depois do almoço ir ver atentamente o que por lá se passava.
Sentei-me num dos degraus das escadas do monumento, inspirei a plenos pulmões uma boa dose de boa vontade pretendendo a todo o custo afastar por completo aquela má impressão que me assola desde a primeira vez que encarei com aquele - estava quase para dizer mamarracho - mas prefiro, aquele novo visual.
Mesmo em frente, foram erguidas quatro paredes de tijolo rebocadas toscamente e interroguei-me: Que significado terá isto? Conjecturei várias hipóteses mas, nenhuma delas me satisfez. Para ser verdadeiro, até hipóteses menos sacras me acudiram à mente.
Levantei-me do meu poiso e dirigi-me para uma cruz enorme que faria inveja à do Monte Gólgota não só pela sua enormidade  como também pela matéria com que foi construída.
Observei-a de todos os ângulos, mirei-a bem mirada e terminei por não saber se ela se abatia ou se soerguia. O mais certo será a primeira, já que tem de cada lado duas empas  também elas de betão.
Também neste caso o meu entendimento empancou e fiquei como dantes, sem saber o seu significado.
Ignorante? Talvez! Mas, para que conste, não o sou sozinho. Há um povo que o é igualmente. Os promotores daquela obra tirem-se dos seus cuidados e, façam como eu fiz. Indaguem junto do povo de Louriçal do Campo já que a obra suponho tivesse sido feita para ele,  se sabem o que significa tudo aquilo. Arriscam-se  - e eu sei do que falo - a receberem respostas menos ortodoxas não só sobre essa requalificação como sobre o modo como essa dinheirama ali foi gasta.
Particularmente, nada interessado estou, em saber de quem partiu aquela ideia, nem o nome do arquitecto - se porventura houve - e sequer se foram pedidos orçamentos a várias empresas para a execução da obra.
De uma coisa todos estamos de acordo, o dinheiro de algum lado saiu e que podia ser empregue no mesmo local numa obra com outra beleza e principalmente que fosse entendida por toda a gente.
Um certo dia, pedi a uma pessoa responsável que me elucidasse, olhou para mim e, depois de uma breve pausa respondeu: Não gosta de Arte Moderna? Sorri com vontade de largar uma sonora gargalhada e disse: Sim, gosto de toda a arte desde que a perceba, desde que as olhe e me traduzam precisamente o que estou a ver. Mas, arte moderna  para este meio rural?  
Bem, continuei na minha deambulação e não pensem que os reparos terminaram. As obras de requalificação incluíram também a construção de umas caixas rectangulares de tijolos e cimento que depois de baptizadas ficaram a chamar-se cascatas. Se cascata eu fosse corava de vergonha. Todavia, nenhum mal teria este nome pomposo se de facto a água corresse ininterruptamente, o que não acontece já que a única água que as visita é aquela que provém das chuvas o que quer dizer nem gota no estio. Houvesse boa vontade e sentido de iniciativa por parte daqueles que por obrigação deviam zelar pelos bens que ao povo pertencem e não lhes seria difícil canalizar a água e pô-la a correr o ano inteiro gastando somente na ligação já que água felizmente não falta.
Termino com a última observação e que tem a ver com os ciprestes ali plantados. Sendo aquele local um descampado onde o sol bate inclemente, não sei se foi a melhor escolha. Na minha maneira de ver, outras árvores estariam mais adequadas, como a tília devido à sua ramagem frondosa  mas enfim, há pessoas com visão afunilada tal os ciprestes.
Mas, já que foram plantados, então é justo que sejam tratados como merecem e não deixá-los ao abandono. Vi três destas árvores que jazem mortas e apodrecem.
Regressei a casa revoltado por ver tanta coisa que na minha terra podia ser linda e que pela incúria, pelo deixa andar, a deixam paulatinamente esmorecer.

Saudações Amigas,
Conde da gardunha



sábado, 8 de janeiro de 2011

HAJA BOA VONTADE

O lugar de São Fiel outrora um pólo de extrema importância para a região está nos dias de hoje votado ao completo abandono.
Sabemos que grande parte dos terrenos florestados são pertença do Estado que este, mau grado, usurpou à ordem jesuítica aquando da tão "querida e desejada" república. Contudo, há espaços sob a tutela da Junta de Freguesia de Louriçal do Campo espaços esses, que deviam há muito ter merecido uma intervenção e não deixar tudo ao Deus dará.
A AVENIDA
Um dos lugares bonitos que São Fiel oferece aos visitantes é a alameda mais conhecida por avenida. Porém, para nossa tristeza, ve-mo-la num abandono, num desleixo que provoca indignação e, nos coloca em confronto com a falta de capacidade e  competência das entidades desta terra, não só das que estão em exercício como as antecessoras.
A ladearem a álea, plátanos ancestrais tomaram proporções gigantescas. Nunca que me lembre, aquelas árvores foram limpas e como tal, cresceram a seu bel-prazer causando aos moradores que lhes estão mais próximos, alguns transtornos.
É tempo mais que suficiente que dêem um pouco mais de atenção a estas árvores. Elas merecem!
No centro desta avenida, outras árvores de menor porte e também elas quase centenárias, estão por falta de cuidados, a pedirem uma intervenção. Bom seria que arrancassem aquelas que já não têm hipótese de recuperação e plantassem outras no seu lugar para assim voltar a beleza que antes aquele sítio ostentava.
Esta avenida dá acesso à piscina e muita gente a percorre durante o verão. Não seria descabido se a Junta tomasse a si a reparação daqueles muros que aos poucos vão aluindo quer pelos elementos da natureza quer também pela má prática de energúmenos que vão retirando as pedras para atalharem caminho ou para simplesmente  dar vazão à má índole.
Ser membro de uma Junta, não será com certeza tarefa fácil mas, quem concorre e é eleito não pode evadir-se das suas responsabilidades, não pode ignorar os males de que a sua terra enferma.
Devia a Junta de Freguesia ter mais carinho por São Fiel já que Louriçal do Campo muito beneficiou deste lugar. Mas, isso será tema para uma próxima crónica.

Saudações amigas.
Conde da Gardunha

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

ATÉ QUANDO?

É vox populi que o regente da câmara de Castelo Branco e logicamente os seus apaniguados pugnam em demasia pela cidade em detrimento das aldeias concelhias. Com este procedimento, como querem resolver a questão da desertificação dos pequenos povoados? Mais umas décadas e, Louriçal do Campo e as suas anexas São Fiel e Torre a par de tantas outras aldeias tornar-se-ão num ermo a não ser que os próximos responsáveis tenham uma visão mais abrangente e apostem na descentralização e não confinem tudo em zonas industriais localizadas nas cidades.
Castelo Branco não é mais aquela cidade acolhedora, onde me sentia bem sempre que a visitava ou nela permanecia. É uma cidade desgarrada, descaracterizada com tuneis e semi-tuneis, eternamente com obras, porventura, algumas até muito duscutìveis e é incómoda no verão por falta de áleas que nos acalme daquela caloria. É por isso que tenho preferido o Fundão sempre que tenho necessidade de tratar os meus assuntos.
Todavia, nesta minha primeira crónica não era precisamente para conjecturar o que de mal ou de bem tem sido feito na "minha" cidade mas do que se vai passando na minha aldeia.
Como a fotografia ilustra, esse muro aluiu há mais de um ano e se não lhe acudirem não tardará muito que todo ele desapareça. Com certeza que os elementos que compôem a Junta de Freguesia já muitas vezes por ele tenham passado e o que mais me admira e estupefacta é que depois de tanto tempo decorrido ainda não tivessem  o zelo de o mandarem reparar ou caso não seja da sua competência, alertar o Municipio de Castelo Branco. Agora, como está, com poucos euros se resolvia o problema, deixando-o degradar, logicamente que mais onerado ficará. (La Palice)
O não ter havido solução para este começo de ruína pode eventualmente ter sido por distracção ou, por terem achado que é coisa de pouca monta, mas a degradação nasce quase sempre por coisas minudentes e que diabo, dá uma imagem negativa a quem nos visita e, até quem por lá passa diariamente, é confrontado com a decadência pondo em causa a capacidade daqueles que têm por obrigação de zelarem pelo património que é de todos.
Assim sendo,  a Junta de Freguesia, em nome de toda a população principalmente daquela que ama a sua terra, tem que tomar providências, para que este pequeno nada seja resolvido e, não deixar que mais um muro fique por terra.
 Saudações Amigas,
 Conde da gardunha

  Regra geral todas as ruas têm uma placa toponímica nas duas extremidades com o nome que lhe deram. A rua Presidente Craveiro Lopes também ...